Priscila Dias
No avançar do
estudo das Câmaras Herméticas, o busca-dor tende a ampliar em si o valor do seu
querer diante dos códigos sociais, dos padrões culturais e ideológicos que o
cercam. Compreende que os limites impostos por esses paradigmas são ilusórios,
aprisionadores e limitam a percepção e acesso do ser à Ciência Arcana,
Verdadeiro Canal por onde se viabiliza a Libertação. Entretanto, como o
busca-dor, por mais adiantado que esteja na Senda, ainda se encontra dentro do
Plano Imanente, ou seja, da Dualidade, tudo por quanto sente, faz e analisa,
perpassa pela mecânica dos Princípios Universais. Neste caso, examinaremos que
a partir da Polaridade, que afirma: “Tudo é duplo; tudo tem dois polos",
toda essa ampliação do valor dado ao próprio querer, sujeita o busca-dor a
prisões em outros níveis, enganando-se que está livre, pois rejeita códigos. Há
de se ter cuidado com ampliação perceptiva que se desenvolve sem uma base, um
centro que possibilita maior estabilidade ao ser. Caso contrário, na mesma
proporção que se amplia, também se aprisiona. Um exemplo disso pode ser
observado em grupos de pessoas que por um ideal religioso, filosófico, cultural
se colocam a partir de suas percepções como críticos e isolados das demais
pessoas e movimentos da sociedade. Esses grupos acreditam que os outros estão
sob algum sistema de aprisionamento do qual não quer participar, pois dele se
sentem livre, com isso, muitas vezes não se dão conta de que aquele grupo do
qual comunga em ideias e buscas torna para si outro e sutil sistemas de
aprisionamento. Sob a
perspectiva aqui exposta, o busca-dor, por esta análise, pode concluir que tudo
pelo qual idealiza e se move está sob alguma prisão e livrando-se dos códigos impostos
está na verdade gerando outros, assim a Libertação parece ser algo impossível
de ser alcançada, sendo todas as buscas nesse sentido meros artifícios das
teias ilusória que tecem esse plano. A isto respondemos: sim e não.
O Hermetismo
elucida que este é um plano mental,ilusório,dual e aprisionador. Assim toda a
análise que possa o busca-dor desenvolver está dentro disso. Contudo, também
esclarece e aponta o caminho que garante ser possível galgar e chegar a
Libertação. Isso perpassa pelo Desenvolvimento Espiritual do ser que, ao longo
de suas encarnações vem graduando sua memória existencial e ampliando seu
acesso e união com as Verdades Maiores, que aos poucos vem libertando o ser das
amarras mentais até que se encontre com o estado em que tudo É a Consciência
Cósmica. A análise da
problemática do querer diante dos códigos pode se tornar mais clara, trazendo à
compreensão a didática do Principio da Correspondência que afirma: “O que está
em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em
cima". Como o ser está em processo contínuo de graduação perceptiva,
comparamos com uma criança, desde pequenina a ela é dado limites,
estabelecem-se regras e ritmos que intencionam cercá-la de segurança para que
possa gradualmente vir adquirindo autonomia e lucidez em suas escolhas e passos
na vida, a criança que recebe uma boa base educativa se desenvolve uma pessoa
com mais estabilidade, foco e articulação.
Correspondendo
esse processo de desenvolvimento da criança ao do ser no seu desenvolvimento
espiritual, evidencia-se que os códigos, sejam eles de qualquer espécie,
familiar, religioso, cultural, social, ainda se fazem necessários para que,
assim como a uma criança, estabeleçam-se regras e ritmos que o cerquem de
segurança. Desta forma, pode gradualmente adquirir autonomia e lucidez em suas
escolhas e passos na vida, estabilizando-o dentro do Infinito MaR da
Consciência Cósmica, para que mais na frente e no Alto adquira pleno Domínio
onde Livre possa navegar. Essa percepção da "importância" ou da
"necessidade" de códigos, é fundamental para que o ser se fundamente
e se estabilize diante a problemática. Por um lado, aumentando seu grau de
compreensão com aqueles que de muitos códigos são prisioneiros. Por outro, não
sendo o busca-dor "adolescente rebelde" que a tudo quanto identifica
como código quer quebrar pelo simples gosto ou ilusão de não estar prisioneiro,
tendendo, assim, a elaborar outros sistemas mentais, pessoais ou grupais de
códigos, ficando tão prisioneiro ou mais do que aqueles quanto julga.
A Luz da
Convicção vem da mesma forma como chega a Sabedoria das pessoas mais maduras.
Vem pelo conhecimento da problemática, pelas Leis Universais que permeiam toda
e qualquer análise. É pela Convicção que o busca-dor constata que não existe
certo ou errado além da relatividade de cada um ou de cada contexto. Contudo,
faz o certo pela convicção da Verdade e não pela imposição de nada ou de
ninguém. Faz o bem, segue o bem, pelo querer bem, sentir bem, estar bem. Diante
da sociedade, compreende e valoriza o grau de cada ser e de cada sistema,
escolhe por onde caminhar o que na maior parte das vezes também se assenta
sobre alguns códigos, mesmo sabendo, nesse grau, o busca-dor o faz não pelo
código, mas pela Luz da Convicção que brilha em si, orientando-o e guiando-o
com maior estabilidade diante das polaridades pelas quais perpassa suas análises,
ações e objetivos. A partir de UMa perspectiva muito além da problemática dos
códigos, diante desta Luz o ser tem UM foco mais claro, salvando-se das culpas
pelo entendimento que possui dos graus de aprisionamentos e dirigindo-se em
busca da Libertação.