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...Todo encontro É UM reencontro...

sábado, 2 de março de 2013

Peregrinação da Mente

Priscila Dias

Para amenizar as angústias da mente, é necessário deslocar-se do foco de um ponto específico, pessoal, egoico e ilusório e transportar-se em direção a uma análise mais ampla e profunda, chegando cada vez mais próximo de UMa visão cósmica. Sempre que o exame for localizado e fragmentado estará dentro do dualismo, portanto, limitado. 

Em muitos momentos quando o peregrino tenta libertar-se de algo, volta-se para o foco daquilo que analisa, de modo a mergulhar ainda mais no objeto.  O ser se encontra localizado quando percebe o que analisa. Nesse jogo existencial, o duelo da mente ocorre mediante o embate entre seu querer e os códigos que o oprimem e o aprisionam. Sabendo que os códigos, por si só, não são maus nem bons, simplesmente são, a mente sofre ao perceber os conflitos entre querer libertar-se e o apego diante das necessidades que ainda deseja.

O caminho fica difícil ao peregrino quando este se vê ciente do libertar-se dos códigos e, a partir disso, elevar mais ainda o alcance de sua cosmolucidez. Entretanto, estando inserido em seu contexto sócio-histórico-cultural, se vê envolto de um sistema de condicionamentos que exercem forte influência sobre si. A grande luta está em anular expectativas e livrar-se de modelos culturais dos quais se torna ciente no momento em que reconhece a ilusória influência de fatores externos dominantes representados pelos mais variados códigos sociais.

Quando o peregrino faz aquilo que quer fazer aproxima-se muito da libertação dos códigos. No entanto, no sentido da busca da libertação das ilusões de Universo, é preciso saber distinguir claramente querer genuíno, ou simplesmente o querer, do desejo. O primeiro exprime a autêntica vontade interior de fazer, de agir, enquanto o segundo exprime uma vontade conduzida pelo querer do outro, por exemplo relacionado a imposição de códigos culturais. Nesse processo de distinção o peregrino deve avaliar até que ponto o que sente se liga ao querer ou ao desejar, ou seja, até que ponto valoriza realmente o que sente ou dá importância aos códigos do outro. 

Nessa dinâmica perceptiva deve igualmente saber diferenciar ideais religiosos, culturais ou filosóficos daquilo que realmente sente e quer. A partir de então, pode caminhar de modo mais lúcido em direção a UMa Única Chave, transmutando o olhar de um plano menos isolado e ilusório para o plano Cósmico Transcendental. 

Embora limitada, a percepção mental pode atingir a totalidade da existência no momento em que se der conta e sentir a impossibilidade da real presença do limite entre as coisas. Mesmo ciente de suas limitações  no Universo, o peregrino pode ter acesso a Porta que conduz à Consciência Cósmica. Quando perceber a existência a partir de UM olhar cósmico cada vez mais amplo dará um largo e significativo passo no caminho rumo à Libertação, encontrando e sentindo dentro de si a Realidade Única da Consciência. 

Esse Passo consiste na mais alta graduação do ser na iminência de escapar do mundo das ilusões. É UM momento crucial da mente diante do jogo do existir.


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