Hermetismo e Magia
É certo que, no que se refere à Magia, muito tem sido distorcido ou abordado apenas superficialmente. Existem, de fato, muitos "papagaios" no meio dos estudos herméticos que, ao ter acesso a conceitos e ensinamentos, passam a repeti-los sem vivenciá-los com propriedade. Isso, na verdade, não é algo maléfico; denota apenas um grau do desenvolvimento psíquico do ser.
A Magia, vista pelo Hermetismo da Linha da VOH, não é apenas muito mais ampla, mas também traduz e redimensiona, em última análise, a Mais Alta Magia que a linhagem humana buscará desenvolver no processo de Libertação do Mundo Imanente.
A Origem do Conhecimento Hermético
É certo que Thoth – Hermes Trismegisto – foi o responsável pela estruturação das Leis Herméticas e das Escolas de Mistérios — Câmaras Espirituais — que aprofundavam especificamente em cada Ciência, entre elas a Magia. Ao longo dos tempos, com o declínio daquela civilização, o conhecimento fragmentou-se e espalhou-se pelo mundo, ganhando diversas conotações ao contato com outras linhas de investigação. Embora tenham a mesma origem, elas adquirem os valores culturais e perceptivos de cada povo ou civilização. Sabemos que nos registros de antigas civilizações há citações da magia egípcia, da caldaica, da fenícia, da persa, da judaica (representada na Cabala), além de haver indícios de que povos de continentes extintos também exerciam magia.
Magia, Mentalismo e Alquimia Mental
A partir do movimento mentalista, que teve um grande impulso no final do século XIX e início do século XX, tem ocorrido uma grande simplificação da Magia. Há muita confusão entre Magia e Alquimia Mental, sendo características de uma atribuídas à outra.
“A Magia visa despertar poderes pela utilização de práticas ritualísticas com objetos e símbolos que servem como 'suportes' para a sintonia mental precisa” – JLE.
Em essência, a Magia — que não é o mesmo que ilusionismo teatral ou prestidigitação — requer alguns subterfúgios imprescindíveis para acontecer, como ambiente adequado, objetos especiais e rituais precisos. Sem o intuito de aprofundar aqui, destacamos a existência da Magia Mimética, Magia Encantatória e Magia Talismânica, também chamada magia dos pentaclos ou dos amuletos. Essa noção, bem básica, mostra que a Magia não é simplesmente o que vem sendo afirmado por mentalistas ou hermetistas que não têm uma base mais profunda. Na Linha da VOH, fica claro que existem grandes processos para se chegar a algum domínio da Magia e, com isso, também a uma maior propriedade para falar sobre ela.
O Princípio do Mentalismo e a Alquimia Mental
Um outro ponto de confusão dentro dessa questão, certamente, está na interpretação do enunciado que afirma “O Universo é Mental” – Princípio do Mentalismo. Sem dúvida, o Universo é Mental, e tudo existe na Mente do TODO. É possível realizar qualquer magia e criar qualquer realidade a partir da mente. Nessa esfera reside a arte da Alquimia Mental, pois tudo que existe manifesto no Universo, seja no nível que for, é Vibração, circulando em diferentes frequências e faixas vibratórias. Pela Arte da Transmutação Mental, qualquer vibração pode ser alterada, resultando naquilo que se quer criar, sempre dentro das Leis Universais, pois nada escapa a elas. Contudo, isso requer grande maestria, e é tolice acreditar que, sem as Chaves e o Conhecimento Arcano adequado, se pode atingir esse patamar.
A Humanidade caminha para o mergulho na Mente Universal, para a volta ao UM, mas esse processo de Éons não deve ser projetado nas vivências ilusórias do Plano Imanente, de forma a se confundir com o próprio Poder Superior. Como afirma o Caibalion: “Quão diferente é esta da horrível meia-verdade tão estrondosamente anunciada por alguns dos falsos sábios, que enchem a atmosfera dos seus gritos: ‘Eu sou Deus!’ Imaginai o pobre diabo de Micawber ou de Uriah Heep, gritando: ‘Eu sou Dickens’; ou algum dos humildes bobos das peças de Shakespeare, anunciando com grandiloquência: ‘Eu sou Shakespeare!’ O TODO está até na minhoca, contudo, a minhoca está longe de ser o TODO.”
A Abordagem da Linha da VOH
É por tudo isso que o Hermetismo da Linha da VOH não enfatiza a Magia, ao menos não nas Câmaras iniciais, onde o estudante buscará, antes de mais nada, entender esse Plano, conhecer as Leis que o regem e compreender os mecanismos dos códigos sócio-histórico-culturais que aprisionam o ser. Estudar a Mente e a Consciência, ou seja, compreender o Plano Imanente e especular analiticamente sobre o Transcendente, sendo levado a senti-lo. Então, vem o estudo da Energia e do Universo Virtual, universos paralelos, multiversos, o aprisionamento e a Libertação. A partir disso, tudo é ressignificado, e percebe-se a ilusão em que muitos magos se aprisionam, por apego à magia, pelo desfrute de um suposto prazer gerado por um poder relativo que muito mais limita do que expande. No entanto, é válido frisar que essas altas análises, em nenhum momento, fazem com que a Magia seja reduzida ou simplificada; apenas ressignificada em prol dos sentidos mais amplos relacionados à Libertação.
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